Xangô era rei de Oió, o mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim,
um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que
invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores
numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas.
Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia
perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos.
Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a
derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá
aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô
subiu e quando estava no ponto mais alto do terreno foi tomado de extrema fúria.
Pegando seu oxê, machado de duas lâminas, começou a quebrar as pedras com grande
violência. Estas ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes
transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade,
mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram,
apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo
clemência. Levados até ao rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes
de porta voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô.
Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por
vontade própria, e sim forçados por um monarca, vizinho de Oió, que tinha um
grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente. Xangô, altamente
perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a
todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o
orixá justiceiro que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com
seus raios os mentirosos e delinqüentes.
Luiz Carlos Pereira
http://aumbandacomoelae.blogspot.com.br/2007/09/lenda-de-xang.html
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