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segunda-feira, 18 de abril de 2011

A MEDIUNIDADE

DONS MEDIÚNICOS

“ Ora, há diversidades de dons, mas um mesmo é o Espírito; há diversidades de mistérios, e um mesmo é o senhor; há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um , porém, é dada a manifestação do Espírito para proveito. Pois a um, pelo Espírito é dada a palavra pela ciência, segundo o mesmo espírito; a outro; dons de curar em um só Espírito; a outro, operações de milagres, a outro, profecia; a outro discernimento de espíritos; a outro, diversidades de línguas e a outro, interpretação de línguas; mas todas estas coisas opera em um só Espírito, distribuindo a cada um particularmente como lhe apraz”.
                                                                        (Paulo, I Coríntios, 12: 4-11)

No variado caleidoscópio das faculdades mediúnicas, sempre serão encontradas expressões novas e pessoais que se apresentam conforme o grau evolutivo de cada criatura, os seus valores morais e intelectuais ao lado dos objetivos da sua existência corporal.
Podemos afirmar, como efeito, que cada médium, em particular, tem suas próprias características, embora na generalidade todos se apresentem com síndromes semelhantes. Na multiplicidade das manifestações, podemos encontrar a unidade do fenômeno por cujo meio se identificam os portadores da natureza mediúnica.
A mediunidade é sempre uma percepção moralmente neutra, sendo os efeitos do seu exercício compatíveis com os valores éticos e morais daqueles que a detém.
Os médiuns não são santos, apóstolos ou missionários, mas homens sujeitos a grandezas e misérias, qual ocorre com todos os indivíduos.
Vulgarizando-se a mediunidade e desvelando-se, cada dia, um maior número de médiuns, já não mais sob os azorragues da perseguição, nem as castrações da ignorância ou as místicas do desconhecimento dos fenômenos, surgem novas fantasias e fascínios em torno das suas figuras, que merecem exame criterioso, cuidadosa observação e honestas advertências.
A mediunidade não é sinal de santificação, nem representa característica divinatória. Constitui, apenas, um meio de entrar em contato com as almas que viveram na Terra, sendo os médiuns, por isso mesmo mais responsáveis do que as demais pessoas, por possuírem a prova da sobrevivência que chega a todos por seu intermédio.
 O respeito e a dedicação que imponham ao trabalho é o que irá credenciá-los, naturalmente, à estima e a admiração do próximo, como sucede com qualquer pessoa na mais obscura ou relevante atividade a que se dedique.
As mensagens de que se façam objeto, seus conselhos e comportamentos, merecem análise fraternal, a fim de que não venham a ser os “cegos conduzindo outros cegos”, a que se refere o ensinamento evangélico. Que busquem alcançar o mediunato, evitando a presunção de tornarem-se portadores demissões extraordinárias, especiais e infalíveis.
A jornada humana é sempre susceptível de fracassos, de equívocos, de recomeços.
A mediunidade, no entanto, aplicada para o serviço do bem, pode converter-se em instrumento de luz para o portador, tanto quanto todos aqueles que buscam.
Nunca se deve abdicar, porém, do direito da dúvida saudável, do cuidado em relação as revelações sensacionalistas e as opiniões precipitadas, nas áreas que compete à ciência e aos seus estudiosos opinar.

Tudo promana de Deus, sem dúvida, e o Divino Espírito é o único a expressar-se mil modos em toda a parte.
Reflexionando-se em torno da bela epístola do Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso, encontramos a clara exposição das faculdades mediúnicas, por intermédio das quais o intercâmbio espiritual se faz presente, conforme sucede nas sessões espíritas da atualidade.
 Os dons ampliam-se mediante a educação dos portadores e o aprimoramento das faculdades trabalhadas pelo escopro da caridade e pelas mãos da abnegação.
Demitizados, os profetas de ontem ressurgem na condição de médiuns hodiernos, por cujo campo espiritual a imortalidade da alma se comprova, erradicando o cepticismo e anulando a dúvida pertinaz.
Variando de pessoa para pessoa, a mediunidade é aponte segura para propiciar ao homem o trânsito entre duas margens do rio da vida: a material e a espiritual.
Diversificada nas suas mais complexas expressões, a mediunidade se desdobra em efeitos materiais e intelectuais, consoante Allan Kardec o demonstrou, ensejando manifestações do conhecimento mental e ação física.
Posteriormente, estudando os fenômenos de natureza psicocinética, afirmou o Dr. Rhine, pai da contemporânea parapsicologia: “ A mente, que não é física, através de processos não-físicos, interfere e modifica o meio físico”.
Nos efeitos intelectuais, as bênçãos da mediunidade se estendem por largo e variado campo de manifestações, que vão desde a psicofonia,  psicografia, à xenoglossia, ao profetismo, ensejando uma visão otimista e facultando o contato com o mundo extrafísico, mediante cujo concurso prepara o homem terreno para a sua fatalidade próxima que é além a vida-além-da-vida, pelo inevitável processo da morte.
Não era, pois, desconhecida ao Apóstolo, a atividade pneumológica, então vigente na Igreja primitiva, e que,mais tarde, combatida e interpretada equivocadamente, terminaria por ser proibida, renascendo, posteriormente, na doutrina espírita, legatária natural do cristianismo nas suas bases verdadeiras.
Assim, há sem dúvida, “diversidade de dons, mas um só é o Espírito”, abrindo espaço para a educação correta das forças psíquicas e mediúnicas inerentes a todos os homens, dentre os quais alguns as possuem mais especificamente para a tarefa de abalarem o mundo, anunciando a Nova Era que já se inicia.

SER MÉDIUM

A mediunidade é registro paranormal que se encontra ínsito na criatura humana, à semelhança da inteligência, da razão.
Todo indivíduo que, conscientemente ou não, capta a presença dos seres espirituais é portador de mediunidade, cabendo-lhe a tarefa de desdobrar os recursos parafísicos, através de conveniente educação, graças à qual se tornará instrumento responsável para o ministério superior a que a mesma se destina.
Inicialmente confundida com várias patologias, sejam de ordem mental ou orgânica a mediunidade fez-se meio de demonstrar o equívoco em que teimavam permanecer os adversários gratuitos ou os investigadores apressados.
Caracterizando uma função sempre presente no homem em todas as épocas, só a partir de Allan Kardec passou a receber estudo profundo e consideração, vindo, então, a ocupar o lugar que lhe é devido, como ponte para o intercâmbio entre os espíritos de ambos os lados da vida com aqueles que se encontram mergulhados na mesma faixa das percepções psíquicas no corpo físico.
Espontânea, surge em qualquer idade, posição social, denominação religiosas ou cepticismo no qual se encontre o indivíduo.
Normalmente chama a atenção pelos fenômenos insólitos de que se faz portadora, produzindo efeitos físicos e intelectuais, bem como manifestações na área visual, auditiva, apresentando-se com gama variada conforme as diversas expressões intelectuais, materiais e subjetivas que se exteriorizam no dia-dia de todos os seres humanos.
Direcionando a observação para as ocorrências inabituais que lhe sucedam, o médium descobre um imenso veio aurífero que, penetrado brinda-o com gemas de inapreciável qualidade.
Assim como o mergulhador educa a respiração a descer nas águas profundas onde espera encontrar ostras raras, portadoras de pérolas  incomuns, o médium tem o dever de disciplinar a mente a fim de aprofundar-se no oceano íntimo e dali arrancar as preciosidades que se encontram engastadas na concha bivalve das aspirações morais e espirituais.
Às vezes, quando do aparecimento da mediunidade, surgem distúrbios vários, sejam na área orgânica, através de desequilíbrios e doenças, ou mediante inquietações emocionais e psiquiátricas, por debilidade da sua constituição fisiopsicológica.
Não é a mediunidade que gera o distúrbio no organismo, mas a ação fluídica dos espíritos que favorece a distonia ou não, de acordo com a qualidade que se reveste.
Por outro lado, quando a ação espiritual é salutar, uma aura de paz e de bem-estar envolve o medianeiro, auxiliando-o na preservação das forças que o nutrem e sustentam durante a existência física.
A educação ou desdobramento mediúnico objetiva ampliar o campo de realização paranormal, porquanto, através dos recursos próprios, tem a especial finalidade de instruir os homens, realizar a iluminação de consciências, facultar o ministério da caridade, pelas possibilidades que proporciona aos desencarnados em aflição de terem lenidos os sofrimentos, as mágoas, a ignorância.
A faculdade de ser médium, própria dos seres inteligentes, constitui um superior instrumento de serviços ao alcance de todos, dependendo de cada um atender-lhe a presença orgânica ou ignorá-la, apurando-lhe a sensibilidade ou perturbando-lhe o mister, deixando-a ao abandono, aí correndo riscos de ser utilizada por entidades perversas ou levianas que se encarregarão de perturbá-la, entorpecê-la ou torná-la meio de desequilíbrio para o próprio médium como para aqueles que o cercam.
Não é, portanto, o ser médium ou não, mas a conduta que este aplique que atrairá mentes que se irradiam no mesmo campo de vibrações especiais.
Swedenborg, ao perceber a presença da mediunidade, cientista e culto, cursou faculdade e dedicou-se ao seu exercício, brindando a humanidade com valioso patrimônio de sabedoria, esperança e paz.
Edgar Cayce, constatando a manifestação da mediúnica de que se tornou objeto, aplicou-se ao labor pertinente e auxiliou dezenas de milhares de pacientes que lhe buscaram o socorro..
Adolf Hitler, depois de freqüentar o Grupo Thule, de fenômenos mediúnicos, dirigido por Dietrich Eckhart, em Berlim, ensandeceu-se, e fascinado, acreditou-se a “mão da Providência”, tornando-se destruidor de milhões de vidas e responsável por males incontáveis, que ainda permanecem na Terra.
A mediunidade, em si mesma, não é boa nem má, antes, apresenta-se em caráter de neutralidade, ensejando ao homem utilizá-la conforme lhe aprouver, desse uso derivando os resultados que acompanharão o medianeiro até o momento final da sua etapa evolutiva no corpo.


MISTIFICAÇÕES NA MEDIUNIDADE

O exercício da mediunidade correta impõe disciplinas que não podem ser desconsideradas, seriedade e honradez que lhe conferem firmeza de propósitos com elevada qualidade para o ministério.
Porque independente dos requisitos morais do intermediário, esta há de elevar-se espiritualmente, a fim de atrair as entidades respeitáveis que o podem promover, auxiliando-o na execução do delicado programa a que se deve ajustar.
Pelo fato de radicar-se no organismo, o seu uso há de ser controlado e posto em regime de regularidade, evitando-o o abuso da função, que lhe desgasta as forças mantenedoras, como a ausência da ação, que lhe obstrui mais amplas aptidões que somente se desenvolvem através de equilibrada aplicação.
Face a sintonia psíquica responsável pela atração daqueles que se comunicam, a questão da moralidade do médium é de relevante importância, preponderando, inclusive, sobre os requisitos culturais, porquanto estes últimos podem constituir-lhe uma provação, jamais um impedimento, enquanto a primeira favorece a união com os espíritos de igual nível evolutivo.
Embora os cuidados que o exercício da mediunidade exige, nenhum sensitivo está inseto de ser veículo de burla, de mistificação. Esta pode, portanto, ter  várias procedências:
a)      dos espíritos que se comunicam, denunciando a sua inferioridade e demonstrando falhas no comportamento do medianeiro, que lhes ensejou a farsa, as vezes apesar das qualidades morais relevantes do médium, este pode ser vítima de embuste, que é permitido pelos seus instrutores desencarnados com o fim de pôr-lhe à prova a humildade, a vigilância e o equilíbrio;
b)     involuntariamente, quando o próprio espírito do médium não logra ser um fiel intérprete da mensagem, por encontrar-se em aturdimento, com estafa, desgaste e desajustado emocionalmente;
c)      inconscientemente, em razão da liberação dos arquivos da memória – animismo – ou por captação telepática direta ou indireta;
d)     por fim quando se sentindo sem a presença dos comunicantes e sem valor moral para explicar a ocorrência, apela para a mistificação consciente e infeliz, derrapando no gravame moral significativo.
Eis porque o médium deve se preservar dos abusos, não exorbitando das energias que lhe permitem a ação da faculdade, porquanto esta, a semelhança de outra qualquer, sofre as alternâncias do cansaço, do repouso, da boa ou da má utilização.
A prática mediúnica impõe, como condições ético-morais, o idealismo e a dedicação desinteressada de quaisquer recompensa, pois que o mercantilismo e a sintonia transformam-na em campo de exploração perniciosa. Não se beneficiando com as retribuições que são encaminhadas aos médiuns, os espíritos nobres os deixam à própria sorte, sendo assim substituídos pelos interesseiros e vãos, que passam ao comércio das forças psíquicas em processo de vampirismo cruel, terminando por apropriar-se  da casa mental do irresponsável, em conúbio danoso. Outras vezes, sentindo-se obrigado a atender o consulente que lhe compra o horário, o sensitivo assume a responsabilidade da mensagem, mistificando em consciência, na crença de que ao outro esta enganando, sem dar-se conta das conseqüências funestas que o gesto lhe acarreta e que se apresentarão em momento próprio. A venda, porém, da mediunidade não se dá exclusivamente, mediante a moeda de contato, mas, também, através dos presentes de alto preço, da bajulação chula, do destaque vão com que se busca distinguir os médiuns, exaltando-lhes o orgulho e a vacuidade.
É austera e irretocável a recomendação de Jesus quanto ao “dar de graça o que de graça recebe”, valorizando-se o conteúdo da concessão superior, honrando-a com carinho e respeito, em razão da sua procedência, quanto do seu destino.
A mistificação mediúnica de qualquer natureza tem muito a ver com o caráter moral do médium, que, consciente ou não, é responsável pelas ocorrências normais e paranormais da sua existência.
A mediunidade é para ser exercida com responsabilidade e pureza de sentimentos, não se lhe permitindo macular com as enganosas paixões inferiores da condição humana das criaturas.
Com a vulgarização e a multiplicação dos médiuns, estes, desejando valorizar-se e dar brilho especial às faculdades, apelam para superstições e exotismos de agrado das pessoas desse modo, em mistificações da forma, através  dos processos escusos com os quais visam impressionar os incautos.
A prática mediúnica dispensa todo e qualquer rito, indumentária, práxis, condição por estribar-se em valores metafísicos que as formas exteriores não podem alcançar.
O mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-la desaparecer, tornado-se, para o seu portador,um verdadeiro prejuízo, uma rude provação.
Algumas vezes, como advertência, interrompe-se-lhe o fluxo medianímico, e os espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem que ele perceba, a fim de mais adestar-se, buscando descobrir a falha que propiciou a suspensão e restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e refazimento.
A mistificação é um dos graves escolhos à mediunidade, todavia, fácil de se evitar, como se identificar.
A convivência com o médium dará ao observador a dimensão dos seus valores morais, e será por estes que se poderá medir a qualidade e as resistências mediúnicas do mesmo, a possibilidade dele ser a vítima ou responsável por mistificações.

    RIVALIDADE ENTRE OS MÉDIUNS

   Remanescente dos instintos agressivos, a rivalidade é presença negativa no caráter humano, que a criatura deve superar.
Se a competição saudável é estimuladora para desenvolver os valores humanos, potenciais, momentaneamente adormecidos, a rivalidade decorre do primarismo animal, que atira as criaturas umas contra as outras.
O rival é antagonista apaixonado, a um passo da violência, na qual derrapa facilmente, facultando-se a explosão de danos graves para si mesmo, bem como para os outros.
Infelizmente, perturbando a sociedade, na luta pela predominância do egoísmo, a rivalidade entre os homens leva-os aos estados belicosos, quando a solidariedade os engrandecia, propiciando bênçãos a toda a comunidade.
É natural que, também entre os médiuns, o morbo das rivalidades injustificáveis irrompa, virulento, enfermando quantos lhe permitem contágio.
Invigilantes, olvidam-se da terapia do amor e deixam-se infelicitar, asfixiados pela inveja, pela mágoa, pelo ciúme, contribuindo para as lutas inglórias que, lamentavelmente, se instalam nos grupos, nos quais estes se encontram a serviço.
No contubérnio que se estabelece, a rede da insensatez divide os membros do trabalho, que passam a antagonizar-se, embora abraçando os ideais da liberdade, da tolerância, do amor, da caridade.
Tais rivalidades têm sido responsáveis pelo malogro dê empreendimentos significativos, elaborados com carinho através dos anos, e que se desgastam e se desorganizam com facilidade, tornando-se redutos de decepções e amarguras.
A rivalidade é um mal que aguarda solução, combate de urgência.
Surge de forma sutil: instala-se com suavidade, qual erva parasita em tronco generoso, e passa a roubar a energia de que se nutre, terminando por prejudicar o hospedeiro que lhe dá a guarida.
O médium deve ser um servidor da Vida, a benefício de todas as vidas.
A sua há que tornar-se a luta pelo auto aprimoramento, observando as mazelas e estudando as deficiências, a fim de mais crescer na escala dos valores morais, de modo a sintonizar com as entidades venerandas, nem sempre as que se tornaram famosas no  mundo, mas que construíram as bases da felicidade pelo amanho do solo dos corações na execução do bem.
A ele cabe disputar a honra de servir e não a de aparecer; de ceder e nunca a de impor; de amar e jamais a de fruir, apagando-se para que resplandeça a luz da verdade imortal de que se faz instrumento.
Como do homem de bem se esperam a preservação e vivência dos valores éticos, do instrumento mediúnico se aguarda o perfeito entrosamento emocional e existencial entre o de que se faz portador e o comportamento cotidiano.
O médium espírita é simples, sem afetação, desprovido do tormento de provar a sua honestidade aos outros, porque sabe que, no mundo, somente se experimentam aflições, conforme ensinou Jesus. Ademais, ele reconhece que esta a serviço do bem, ao qual lhe cumpre atender com naturalidade e paz.
Médiuns rivais são antagonistas em justas infelizes, buscando vitória em nome das vaidades que corrompem o coração e envenenam a razão.
Se alguém se apresenta mais aquinhoado para o serviço mediúnico, mais endividado certamente o será, porquanto a mediunidade a serviço do bem é via de acesso e de redenção para o espírito, e não moldura brilhante para as fulgurações terrestres.
Ao invés de rivalidade competitiva, fomentemos a oração e o auxílio fraternal entre todos, a fim de que o êxito se apresente, no pelo aplauso humano, porém pela abnegação e largo trabalho de edificação do bem entre os homens.


MÉDIUNS INSTÁVEIS


Enxameiam em toda a parte a leviandade e fantasia atreladas às paixões dissolventes, arrastando multidões.
Manifestam-se, ora com acendrado interesse por algo fazer, e em momentos outros na condição de indiferença, sob justificativas irresponsáveis com que seus apaniguados abandonam as tentativas de enobrecimento.
Tais qualidades morais negativas, inerentes à condição humana, mostram-se também no caráter de muitos médiuns.
Não se conscientizando estes da gravidade de que o exercício mediúnico se reveste, permanecem, levianos quão insensatos vinculados as mentes ociosas e vulgares da erraticidade inferior, de onde igualmente procedem...
Podem ser às vezes, instrumentos de comunicações sérias, aproveitáveis; no entanto, em razão da condição vibratória que lhes decorre da conduta, mais facilmente se deixam influenciar pelos espíritos portadores de iguais condições evolutivas, com os quais convivem em acentuado comércio psíquico.
Desse modo, constituem a grande mole dos médiuns frívolos e instáveis. Estes sempre em conflito a respeito da legitimidade das comunicações de que sem vêem objeto, ou em caso contrário, tombando em terrível fascinação, acreditam-se portadores de missões relevantes, impondo as idéias arbitrárias e heterodoxas de que se tornam irresponsáveis instrumentos.
Incapazes de preservarem o comportamento salutar, perturbam-se  com facilidade  e transitam pelas vias da instabilidade emocional, a um passo de lamentáveis obsessões ou desequilíbrios mentais outros.
     O médium tem deveres para com a faculdade de que é portador. Concessão superior, bem orientada, ela o pode alçar às elevadas faixas do pensamento divino, concedendo-lhe momentos de inigualável empatia e paz. Descuidada, lança-o, por sintonia, aos níveis inferiores, onde enxameiam as perturbações que o atingem inexoravelmente.
Para que logre o êxito no cumprimento do dever que lhes esta destinado, o médium não pode se eximir do estudo constante da própria faculdade, assim como da doutrina espírita Umbandista, dedicando-se com unção e seriedade à educação dessas forças que o colocam em afinidade com outras dimensões da vida.
A convivência com pessoas moralmente sadias torna-se um suporte poderoso para o auxiliar na vivência dos postulados nobres, da mesma forma que a dedicação aos ideais do bem dão-lhe credenciais  para vibrar em campo mais sutil de aspirações, atraindo a simpatia dos mentores espirituais, sempre interessados no progresso das criaturas.
O exercício metódico  e sistemático da mediunidade adestra o seu possuidor para os cometimentos relevantes.
A ideação positiva e otimista plasma-lhe, no campo psíquico e emocional, a área apropriada para o intercâmbio edificante, do qual resultam benefícios para os comunicantes como para o instrumento utilizado, que passa a desfrutar da preferência dos servidores felizes no programa de edificação da humanidade.
A mediunidade não pode constituir um estigma, conforme a leviandade de pessoas inescrupulosas  deixa transparecer amiúde.
Um sexto sentido como este possuir requisitos especiais que impõem cuidados próprios, como sucede com os outros que tipificam a normalidade humana.
Cabe as pessoas honestamente interessadas em exercer a mediunidade com segurança e seriedade uma introspecção, avaliando o recurso de que se encontram  depositárias, assumindo com a própria consciência o dever de conduzir de boa mente o ministério, a ele se dedicando com a dignidade que lhe dará sustentação.
Simão Pedro, o discípulo afeiçoado de Jesus, deu exemplo de mediunidade instável, do ponto de vista moral, quando sob a inspiração da Mente Divina, identificou o Amigo como Messias esperado e , logo depois., sob a influência de entidades estúrdias, perturbadoras, avassalado por injustificável receio, buscou impedir que o Senhor marchasse a Jerusalém para o holocausto ... Mais tarde, sob a injunção da dor e da entrega total, tornou-se o excelente médium do Ressuscitado, levando a mensagem e o exemplo às multidões que o buscaram até o momento do testemunho pessoal.
Judas, que também O amava, não suportou o assédio dos espíritos perversos, e, apesar de advertido diretamente, traiu e entregou o Benfeitor aos Seus famigerados inimigos... Desesperado pelo arrependimento que o tomou, sem resistências morais para a reabilitação, caiu na obsessão total e fugiu pela porta falsa do suicídio hediondo.
Somente a edificação íntima e a conduta sadia constituem segurança para quem, portador de mediunidade, busque o estudo e a prática consciente da faculdade, elevando-se pelo pensamento, pelas palavras e atos às Esferas da Luz.

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