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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O GRITO


Uma boa palavra auxilia sempre. Às vezes, supomo-nos sozinhos e proferimos inconveniências. Desajudamos quando podíamos ajudar. É preciso aproveitar oportunidades. Falar é um dom de Deus. Se abrirmos a boca para dizer algo, saibamos dizer o melhor.
A pequena assembléia ouvia atenta a palavra de Sálus, o instrutor espiritual que falava pelo médium.
- Não adianta repetir frases inúteis. E é sempre falta grave conferir saliência ao mal. Comentemos o bem. Destaquemos o bem.
Dentre todos os presentes, Belmiro Arruda, escutava em silêncio.
Decorridos alguns dias, Arruda, nas funções de pedreiro-chefe, orientava o término da construção de grande recinto. O enorme salão parecia completo. Tudo pronto. Acabamento esmerado. Pintura primorosa.
- Experimentemos a acústica – disse o engenheiro superior.
E virando-se para Belmiro:
- Grite algo.
Arruda, recordando a lição, bradou:
- Confia em Jesus!... Confia em Jesus!...
O som estava admiravelmente distribuído.
Os operários continuavam na sua faina, quando triste homem penetra o recinto. Cabeleira revolta. Semblante transtornado.
- Quem mandou confiar em Jesus? – perguntou.
Alguém aponta Belmiro, para quem ele se dirige, abrindo os braços.
- Obrigado, amigo! – exclamou.
E mostrando um revólver:
- Ia encostar o cano no ouvido, entretanto, escutei seu apelo e sustei o tiro... Queria morrer no terreno baldio da construção, mas sua voz acordou-me... Estou desempregado, há muito tempo, e sou pai de oito filhos... Jesus, sim! Confiarei em Jesus!...
Arruda abraçou-o, de olhos úmidos. O caso foi conduzido ao conhecimento do diretor do serviço. E o diretor, visivelmente emocionado, estendeu a mão ao desconhecido e falou:
- Venha amanhã. Pode vir trabalhar amanhã.

Espírito: Hilário Silva - Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Livro: A Vida Escreve – Primeira Parte – Médium: Waldo Vieira

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